Com uma linguagem bastante cínica, divertida e um tanto pessimista, Dave Thomas, um dos autores do Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de Software, deu à sua palestra o título “O Ágil está Morto”.
Por quê? Descubra a série de motivos que fez Dave Thomas criticar de forma ácida as metodologias Ágil e Scrum, ou ao menos no que se transformaram, e qual a nova abordagem que ele dá ao desenvolvimento de softwares.
Ao final, não deixe de assistir, na íntegra, o vídeo da palestra da GOTO Conferences, são apenas 40 minutos e uma excelente oportunidade de aprender mais sobre as metodologias Ágil e Scrum.
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Thomas inicia a palestra com uma rápida contextualização da evolução do desenvolvimento de softwares e das técnicas de programação, e conta de maneira pitoresca como, depois do almoço com amigos, redigiu o Manifesto do Desenvolvimento Ágil.
E é a partir deste ponto que suas críticas às Metodologias Ágil e Scrum, ou ao menos no que elas se transformaram, se iniciam.
Não, Thomas não chega a tanto, inclusive comenta que a programação, naquele época, estava se tornando um caos nos projetos, algo insustentável, quando surgiu uma luz, um grupo de pessoas que perceberam a importância de fazer as equipes focarem apenas nas coisas importantes, durante o desenvolvimento de um software, sem se perderem em devaneios.
E a metodologia scrum faz parte dessa geração de novas metodologias de programação que tentavam fazer com que os profissionais deixassem de lado complicações inócuas e se concentrassem naquilo que realmente importava.
Portanto, o manifesto foi importante e as metodologias Ágil e Scrum têm importante papel nisso, mas algo estranho aconteceu com o tempo: Os valores se perderam, por trás da implementação de uma metodologia.
E ele explica o porquê.
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Quando as metodologias Ágil e Scrum nasciam, a palavra ágil era um adjetivo para definir a maneira de se desenvolver softwares sem perda de tempo e com foco no trabalho e nas questões mais relevantes a ele.
Hoje, a palavra ágil, nesse contexto do desenvolvimento de softwares, se tornou um substantivo.
O nome original era: O Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de Softwares.
Mas as pessoas não o chamam assim, elas o chamam de “Manifesto Ágil”
Ágil não é o que você faz, agilidade é como você faz.
E foi aí que surgiu todo mal: o que deveria ser uma maneira de trabalhar, se tornou um nome próprio, com letra maiúscula e tudo!
E sabe por quê? Porque podemos vender substantivos, mas não adjetivos: não se vende um pouco de ágil, mas posso te vender o “Manifesto Ágil”.
Criou-se uma indústria ao redor do manifesto, um comércio de treinamentos, consultorias, livros, conferências etc., que, na esmagadora maioria das vezes, são eventos ou materiais caça níqueis.
E isso, na opinião de Thomas, nada tem a ver com os valores do manifesto!
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Assim que se tornaram um substantivo, as metodologias Ágil e Scrum tinham que fazer parte do repertório de todo gestor de empresas, executivo bem informado e, principalmente, de quem trabalhava com TI e programação.
Caso contrário, você estava por fora, desatualizado, tinha ficado para trás e logo seria superado ou perderia seu emprego!
E qual a maneira mais rápida de saber o que aquele monte de palavras novas e estranhas significavam? Scrum, Kanban, histórias épicas?
Ora, nada mais prático que um curso para se tornar “master scrum” em uma tarde, com 4 horas de duração.
Pronto, você já está qualificado para liderar equipes ágeis, bater seus concorrentes, desenvolver softwares e utilizar as metodologias Ágil e Scrum como um mestre!
Mas Dave Thomas não usa esta palestrar unicamente para fazer críticas, ele aponta soluções e uma nova maneira de encarar a programação.
Ele mesmo diz que ainda acredita profundamente nos valores da agilidade.
E para colocá-la em prática, ele aponta um método bastante enxuto e baseado em três passos e um looping:
Em outras palavras: o desenvolvimento de softwares deve acontecer depois de se entender o problema. Crie uma pequena parte da solução para ele. Em seguida, verifique o que ocorreu, veja o que funciona e melhore isso; e jogue fora o que não deu certo.
Feito isso, dê mais um pequeno passo e repita o processo.
Outra dica importante: Quando diante de duas ou mais opções de solução, escolha a que será mais fácil de mudar no futuro, se não der certo.
Ele define este conceito em uma frase: um bom design é mais fácil de mudar do que um design ruim.
Isso se refere ao momento de jogar fora o que não deu certo, sem perder tudo o mais que foi realizado.
Thomas chega a fazer um resumo desta nova metodologia: descobrir quais são os erros, dar uma olhada na “história” e perceber o que sua mudança irá trazer como consequências no futuro.
Para finalizar, ele dá um conselho a plateia, e a todos nós:
Não deixe os outros dizerem a você o que você deve fazer, nenhuma regra é universal, todas devem levar em conta o contexto.
Com certeza, ele se referia às metodologias Ágil e Scrum, quando usadas como substantivos.
Confira o vídeo, vale muito a pena:
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